NOS BASTIDORES DA FEIRA HIPPIE- A REPORTAGEM

Nos bastidores da Feira de Artesanatos e Variedades, na Avenida Afonso Pena, em Belo Horizonte, muita gente corre antes, durante e depois para que essa seja a maior feira de artesanato da América Latina.
São cerca de 600 trabalhadores nas áreas de montagem (440 carregadores e montadores), limpeza (80 garis), segurança (aproximadamente 50 policiais), fiscalização (95). Trabalhadores que prestam um serviço indispensável para que a feira aconteça semanalmente há mais de 25 anos, mas passam desapercebidos, diante do cenário em que os artesãos e artistas plásticos são sempre a grande atração. Trabalhadores que, no anonimato, contribuem para a sobrevivência de muita gente e fazem de Belo Horizonte, uma importante fonte de turismo e renda.

Há quatro anos, Lucas, 16 anos, estudante da 8ª série, levanta cedo todo domingo. Mãos calejadas e roupas surradas aparenta ter 12 anos e passaria por um pivete. Mas antes da 3h da manhã já está de pé, porque às 5h tem que estar na feira, onde ganha R$3 reais por carreto e gorjeias pela ajuda na montagem e desmontagem das barracas.
Com jeito de quem quer vencer na vida, traz dentro de seus olhos a esperança de que com esse trabalho e com o estudo vai conseguir uma vida melhor. "Trabalho no domingo porque dia de semana é dia de estudar", explica o menino.
Maura, 60 anos, em seu jaleco branco, parece uma auxiliar de enfermagem, destas que medem a pressão na rua, mas, na realidade é auxiliar de serviços gerais de uma escola municipal. No domingo, é diferente, ela trabalha na barraca de informação da Prefeitura de Belo Horizonte. Sabe tudo sobre a feira. Num domingo desses, uma barraca de comida perto da sua, vazou gás e pegou fogo. "Eu ia ficar uma velha fogosa", a sorte que os bombeiros chegaram logo, brinca. Maura diz que já poderia ter se aposentado, mas, enquanto tem "oportunidade e saúde" precisa continuar trabalhando. "A feira é um dinheirinho extra que não dá para dispensar"
Mônica, casada, com filhos, leva no peito a patente de Tenente e comanda cerca de 50 soldados do 1ºBatalhão da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais (PMMG), que fazem a segurança da Feira. Fica o tempo todo, com um radio da polícia na mão, que se comunica com quem está na ronda e é informada das ocorrências. Ela também faz sua própria ronda para dar uma conferida. "Aqui, a gente tem que ser um pouco de tudo: para os comandados, chefe. Para as pessoas que são detidas, a lei. Para as que vêm nos procurar porque foram roubadas, além de policial, a psicóloga".
Mônica afirma emocionada que o trabalho é árduo, estressante, mas, também dá a sensação do dever cumprido.

"Quem diria que uma varredora de rua conseguiria formar duas filhas enfermeiras", orgulha-se Adelina Apolinário, que varre a feira há mais de 15 anos. Dificuldades e lutas para sobreviver marcam sua vida. Trabalha desde menina e, aos 12 anos, já fazia tijolos numa olaria. Começou a freqüentar a escola aos 10 e, somente quando adulta, formou a quarta série. Mãe de nove filhos criou-os "com a graça de Deus".Apesar, dos que a achavam velha, com seus mais de 50 anos, há um ano voltou para escola. Aprendeu na aula de redação a fazer poesia. Agora, sonha em terminar o primeiro grau, registrar as poesias que escreve e fazer sua biografia. Durante a semana, Adelina é fiscal de um microposto da Superintendência de limpeza urbana (SLU), na rua Aimorés, entre as avenidas Bias Fortes e Álvares Cabral. "Nesse corre, a nossa vida se torna uma rotina", diz um dos versos da poesia "O sabiá", escrita pela varredora.
Lucas, Maura e Mônica conhecem bem o corre corre a que se refere a colega poetisa por fazerem parte do exército de trabalhadores que nos bastidores da famosa Feira Hippie dão seu show.

NASCIDA PARA SER ATRIZ

Alessandra nascimento
Nascida para ser atriz
Represento meu papel na vida
Cozinho, passo , lavo, converso,
Aprendo , vivo...
Nascida para ser atriz
Sem exercer a profissão,
faço da vida meu palco
leio, escrevo, interpreto
no palco da ilusão
canto , danço, faço meu show
dentro de minha mente
dentro do meu coração
e me ilumino, me aplaudo
e peço bis,
lutando com a vocação,
escondendo meu talento
sendo artista da vida
sorrindo , vivendo ...
sofrendo, criando ,
brincando de ser feliz.
Abril/2002

ESSÊNCIA DE MIM

Sou uma criança presa no corpo de uma adulta
Eternamente adolescente , como dizem muitos .
Vivo, sem compromisso de ter uma imagem definida.
Vivo assumida , e pago o preço alto de ser incompreendida.
Sou aceita , mas sou rejeitada.
Sou a maluca , a diferente, a problemática .
A rainha dos rótulos, a autêntica.
Um espelho que reflete uma simploriedade complicada.
Mas... vejo a vida por muitos prismas, com olhos próprios .
Coordeno idéias , penso , reflito, leio, escrevo ,falo, falo muito, sem ser ouvida .
Vivo , como se não houvesse amanhã.
Numa alma de artista , não passo desapercebida ,
chamo sempre atenção, e passo por ridícula.
Tentam me enfiar dentro de uma forma , me condensar, me prender, me anular.
Eu luto,faço da minha felicidade uma espada afiada .
Confio num DEUS , que também é artista , me entende, consola , ama sem restrição.
Com seu pincel, em traços multicores , faz a minha vida,
cada vez mais colorida .


Abril.2002

CARTA A UMA BELA CIDADE

Alessandra S L Nascimento
BELO HORIZONTE,
TEUS FILHOS HOJE, NÃO LEVANTAM MAIS OS OLHOS.
TEUS FILHOS, ANDAM ENCABRUNHADOS, ENSIMESMADOS NO MEDO.
TEUS FILHOS, NÃO ANDAM MAIS SORRINDO, NEM DÃO BOM DIA A NINGUÉM.
ELES NÃO CONTEMPLAM MAIS TEUS PARQUES E FONTES.ELES NÃO CONTEMPLAM TEU CÉU.
ELES NÃO VÊEM MAIS TUA BELEZA, TÃO VIVA,TÃO LINDA!!
QUE PENA, BELO HORIZONTE!!
A TUA GENTE NÃO TE VÊ MAIS, NÃO TE VISITA, PELO CONTRÁRIO, PISA TEU CHÃO,TE MALTRATA.
QUE GENTE INGRATA!!
AFINAL, TU NÃO ÉS CULPADA , SE, NO CORAÇÃO DE ALGUMAS PESSOAS HÁ VIOLÊNCIA E MALDADE.
TU NÃO ÉS CULPADA , SE MALTRATAM TEUS FILHOS.NÃO ÉS CULPADA DE NÃO PODERES FAZER NADA CONTRA ISSO.
MAS... LEVAS A CULPA.
LEVAS A CULPA DE UMA TRISTEZA TAMANHA, QUE FAZ TEUS FILHOS,NATURAIS E ADOTIVOS, ANDAREM CABISBAIXOS ,OLHOS NO CHÃO.
COMO UMA BOA MÃE, CONTINUA A ABRAÇAR TEUS FILHOS.FILHOS.
ESTES, QUE TE DEIXAM JUDIAR: DA TUA SERRA TÃO LINDA, SOBROU A CASCA; DA SUA PAMPULHA TÃO FAMOSA, ÁGUA CONTAMINADA...
MAS, TU BELO HORIZONTE, NÃO NEGAS O TEU NOME E TODO DIA, DÁ AOS TEUS FILHOS, UM AFAGO, EM FORMA CÉU, DE SOL,DE ESPERANÇA.
TEU ESPETÁCULO DIÁRIO, EU VEJO DA JANELA DO MEU APARTAMENTO .SOLITÁRIA, TUA BELEZA RESPLANDECE E NOS ABRAÇA.
E,O QUE FAZES AOS TEUS FILHOS, TUA LIÇÃO, TEU LEGADO, POR ESTAREM PERDIDOS, ELES NÃO CONSEGUEM ENXERGAR
.QUE PENA... BELO HORIZONTE... QUE PENA!!!

BELO HORIZONTE

Alessandra S L Nascimento
B em o dia amanhece e a minha cidade, faz jus ao seu nome.
E spetáculo lindo de ver. Vida no céu e na gente.
L inda como ela só, desperta , e pode se ouvir passarinhos antes da agitação .
O dia amanhece feliz neste lugar, depois...dá-lhe correria, vamos descobrir BELÔ!!!!

H orto florestal, e seu museu de história natural, de arte , de tanta vida ...
O museu de arte da Pampulha, o museu Abílio Barreto com fotos da cidade e da gente ...
R ua do Amendoim, que parece mágica, o carro anda sozinho!
I mensidão de verde , coração , pulmão, no centro da cidade: Parque Municipal.
Z oológico, Igrejinha da Pampulha, Parque das mangabeiras,a Savassi,Livraria Amadeu ...
O Palácio e a Praça da Liberdade,suas palmeiras colossais e suas fontes.
N ão se pode esquecer o Mineirão e o Mineirinho,a Praça do Papa, O mirante da Raja...
T udo de graça ou quase. Pagando , tem cinemas e teatros, shows e diversão,comida boa.
E os que não a conhecem , dizem que não há nada para fazer, a não ser ir aos Shoppings.

Nota: A melhor cidade , é aquela onde estão as nossas raízes.
Apesar de tudo que acontece em BH, ainda acho que mesmo sendo uma capital, conserva seu jeito de interior, preservando sua “mineirice”.
Este é o meu lugar, sem dúvida.A gente sente saudade quando está longe até das coisas ruins,Tais como, ver a lagoa se afogando em aguapés, contaminada, a invasão dos camelôs, a sujeira da avenida Paraná...
Belo Horizonte é linda!!! Pena , estar tão mal cuidada. Mas ... esta é outra história.
Mesmo assim, vale á pena exibi-la , gostaria muito de fazê-lo. Então...vamos lá?